terça-feira, 27 de maio de 2008

Resposta

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Dwar Ev soldou solenemente a junção final com ouro. A objetiva de uma dúzia de câmeras de televisão se concentrava nele, transmitindo a todo o universo doze enquadramentos diferentes do que estava fazendo.

Endireitou o corpo e acenou com a cabeça para Dwar Reyn, indo depois ocupar a posição prevista, ao lado da chave que completaria o contato quando fosse ligada. E que acionaria, simultaneamente, todos os gigantescos computadores da totalidade dos planetas habitados do universo inteiro - noventa e seis bilhões de planetas - ao supercircuito que, por sua vez, ligaria todos eles a uma supercalculadora, máquina cibernética capaz de combinar o conhecimento integral de todas as galáxias.

Dwar Reyn dirigiu palavras aos trilhões de telespectadores. Depois de um momento de silêncio, deu a ordem:

- Agora, Dwar Ev!

Dwar Ev ligou a chave. Ouviu-se um zumbido fortíssimo, o surto de energia proveniente de noventa e seis bilhões de planetas. As luzes se acenderam e apagaram por todo o painel de quilômetros de extensão.

Dwar Ev recuou um passo e respirou fundo.

- A honra de formular a primeira pergunta é sua, Dwar Reyn.

- Obrigado - dissse dwar Reyn - Será uma pergunta que nenhuma máquina cibernética foi capaz de responder até hoje.

Virou-se para o computador.

- Deus existe?

A voz tonitruante respondeu sem hesitação, sem se ouvir o estalo de um único relé:

- Sim, agora Deus existe.

O rosto de Dwar Ev ficou tomado de súbito pavor. Saltou para desligar a chave de novo. Um raio fulminante, caído de um céu sem nuvens, o acertou em cheio e deixou a chave ligada para sempre.

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BROWN, Fredric. "Resposta", in WARRICK, P.S. e GREENBERG, M.W. (org.), Máquinas que pensam - Obras-primas da Ficção Científica. Porto Alegre, L&PM, 1985. pp.364-65.

Consultado em: TENÓRIO, R.M. Computadores de Papel: máquinas abstratas para um ensino concreto. São Paulo: Cortez, 1991.